O garoto de preto.

"Ele é... o garoto vestido de preto na esquina da minha vida. Cabelos negros, lisos, e aqueles olhos que parecem a escuridão infinita do espaço sideral. Ele é minha descoberta sobre uma nova Andrômeda... Quantas chances eu tenho de conseguir uma nova terra, um novo sistema solar, uma galáxia só pra mim? Quase nenhuma. Ele não me nota, não até eu soltar o cabelo, ele não me vê, pelo menos não até eu colocar meu vestido preto, ele não me percebe, até notar que eu sou a sua lua em um céu noturno sem estrelas. Ele é minha poesia gótica, ele combina com a minha camiseta de "Eu odeio todo mundo", ele cheira à café sem açúcar e à livros de fantasia, ele tem gosto de desodorante corporal, porque eu sempre o lambo nos lugares errados, mas ele sempre vai ter gosto de blueberry e uva passa, porque ele combina com meu desjejum e os meus lanches da tarde. Ele torna fácil o fato de eu adormecer perto dele, ele torna ainda mais difícil minhas noites de insônia. Ele é minha companhia, mas ele também sabe como me deixar sozinha e perdida. Ele é minha bússola, eu me acho e me perco nele: nos beijos, nos abraços, nos toques, no jeito que só ele me faz dançar, sorrir, vibrar, gritar, morrer e amar. Ele nunca sai das esquinas da minha vida, está sempre lá, às vezes esperando por mim, às vezes tentando entender como as pessoas são tão más com ele, às vezes chorando, na maioria das vezes sorrindo, e em alguns dias esbravejando. Ele está, sempre de preto, terno preto, calça jeans preta, camiseta preta, sunga preta, não importa a chuva, apesar de eu amar seu gigantesco guarda-chuva preto, não importa o sol, apesar de eu amar seu chapéu preto, não importa se é meia estação e está tudo insuportavelmente colorido, ele se mantém em preto, concentrado em sua perfeição imperfeita, emanando superioridade e elegância, exibindo arrogância e sinceridade, sentindo medo e desejo, pensando em mim de cinta-liga e meia-calça ou em guerras nucleares e sobrevivência pós-apocalíptica, sendo minha sombra diária e meu céu estrelado. Ele é... tudo e/ou nada, é o meu garoto vestido de preto, é meu espectador enquanto eu danço, é meu dono e meu servo, e eu não sei fazer nada além de pertencer ao seu céu, à sua galáxia, ao seu coração, à sua alma."

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