Danço em meus fones de ouvido, danço fingindo que tenho um palco de madeira à minha disposição, quando na verdade tenho uma sala apertada com uma maldita mesa de madeira me atrapalhando. Danço até minhas meias de desenhos animados rasgarem com o meu assoalho, danço até minha roupa colar no meu corpo e até a minha asma me socar os pulmões com tudo. Eu danço, porque quando há tristeza aqui dentro, ela se definha, se contorce, se esvai e eu crio asas... ou passos para dançar. Danço, mentalmente, enquanto estou no ônibus, porque é minha única forma de fugir das coisas fatídicas do cotidiano desanimado de uma pseudo-adulta. Danço porque eu gosto do jeito que ele me olho, do jeito que me sinto única, do jeito que isso me faz poderosa. Danço porque isso é complicadamente simples, um pé pra lá, um braço pra cá, um rodopio e um pulinho. Danço porque a minha alma necessita de espaço neste corpo, porque às vezes se sufoca com tantas coisas, porque às vezes é tão grandiosa que precisa sair, prec
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